Quando
cheguei no loteamento "Parque das Mangueiras" , logo lembrei de minha
infância, subindo nas árvores, andando pelas ruas que ainda não
tinha energia e a água
era escassa, até me recordo que alguns moradores brigavam por um balde
de água e pelos famosos "gatos" de energia, uma parte da minha família paterna adquiriu
alguns lotes onde hoje construíram seus imóveis, no decorrer, as coisas foram se acalmando, soube que havia uma discoteca onde hoje é uma igreja, o proprietário era o nosso amigo
Sr. Alberto Lacerda que também era dono de várias terras do loteamento
Eufrásia Mesquita
Uma das primeiras
mercearias da rua principal foi da minha tia, Eufrásia, atualmente ela é
dona de uma escola construída nessa antiga chácara que ela morou.
Educandário Boa Semente
Uma outra tia minha, Alice, é proprietária de alguns imóveis no bairro.
Alice Mesquita
Pontos comerciais
Meu pai, Pedro, também foi dono de um depósito de materiais de construção que forneceu muito material para as casas vizinhas, hoje ali, funciona um estacionamento privativo.
Pedro Mesquita
Estacionamento privativo (antigo depósito de material de construção)
O local foi crescendo com a construção do condomínio Central Park (foto ao lado), mercadinhos, padarias, construtoras, igrejas, fábricas e com isso muitos moradores de Sussuarana migraram para a área e muitos vieram de outros bairros com a chegada do condomínio.
74 anos, moradora do bairro de Sussuarana Velha a mais de
quarenta anos mora na rua Praça Geral nº 85, veio da Federação, natural de Santo Amaro da Purificação. "Aqui não tinha água,nem luz", conta dona Lurdes que pegava água na fonte, seus filhos estudavam na Escola Municipal Clériston Andrade, localizada no bairro de Pau da Lima. Para chegarem até o ponto de ônibus, eles e outros moradores precisavam passar por um caminho onde
existia um rio que já não existe mais, pois foi construído o famoso "Pistão".
Mesmo assim ainda ficou difícil o
transporte e passaram a deslocar-se para outro bairro próximo a Tancredo
Neves, com o tempo passou a circular uma linha de ônibus (Barroquinha) com apenas um coletivo para atender os moradores do local. Hoje a Sussuarana já dispõe de várias
linhas de ônibus como: Barra R1, Barra R2, Barroquinha (continua), São Joaquim, Engenho
Velho de Brotas, Lapa e vans alternativas como Itapuã, Mata Escura e Brasilgás.
Dona Lurdes diz que não se recorda de muita coisa, pois trabalhava fora do dia inteiro, mas lembra de uma história muito engraçada: "Havia um senhor chamado seu Florêncio que tinha um burro e começou carregar água no lombo do animal passando a vender para seus vizinhos" . Esse daí vendeu até água, é a luta pela sobrevivência...
Entrevistei também uma outra senhora chamada Virgilina, uma das moradoras mais antigas do bairro e que fundou a Pastoral da Criança da Antiga Igreja Católica de Sussuarana Velha, conta que na época
vários terrenos foram invadidos inclusive o da supracitada igreja, invadido por D. Isabel e
Seu Francisco onde foi cercado e colocado alguns piquetes, porém, quiseram
invadir novamente para construir casas, mas dona Virgilina não permitiu que isso acontecesse.
Se dedica religiosamente a comunidade Nossa Senhora das Dores (a nova Igreja), visita casas, aconselhando gestantes, orientando-as sobre aborto, nutrição e
higiene, além de trazer consigo, a famosa "Multimistura", idéia da já falecida fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, D.Zilda Arns
A mistura é preparada com ingredientes como: farelo de trigo, creme
de arroz, creme de milho, goma de mandioca, farinha de mandioca, gergelim,
sementes (girassol, abóbora e linhaça), folha de mandioca, primeiro é torrado
depois batido no liquidificador, depois ensacado e rotulados.
JAMILE: Como chegou aqui SR ALBERTO: Vim de Minas, o que era um dos donos das terras do local. JAMILE: Como era o loteamento ? SR ALBERTO: Me apossei das terras pelo usucapião, eu, meu irmão e minha prima
adquiririmos essas terras e passamos a vender, também era dono da discoteca e através dela foram
surgindo moradores e povoando o local. JAMILE: O que ainda possui de
herança, já que foram donos de várias terras ? SR ALBERTO: Hoje minha família já quase não tem nada, mas ele conseguiu deixar algumas terras pro seus filhos e hoje ele mora na Valéria.
A partir do interesse
de um grupo de amigos no bairro de Sussuarana que tomou como referência o
Sarau Bem Black e o Sarau da Cooperifa (SP), o Sarau da Onça
foi criado a fim de sensibilizar as pessoas da comunidade do bairro de
Sussuarana, periferia de Salvador, para com os problemas que esta
possui. “A arma utilizada são as palavras da boca dos poetas
das baixadas e vielas do bairro.”
O Sarau da Onça
nasceu da necessidade de se fazer frente ao que vem ocorrendo em
Salvador nestes últimos anos: ao aumento dos índices de violência contra
os jovens negros do bairro de Sussuarana. Muitas vezes dar-se a
impressão de que parte da sociedade não está consciente desta realidade
ou pela indiferença preferem guardar o silencio. Sabendo que o jovem é o
futuro de nossa sociedade, nós não podemos calar ante os atos bárbaros
de assassinatos.
O grupo tem feito
apresentações no bairro aonde vem arrastando vários participantes, é um
evento aberto para qualquer pessoa, independente de raça, religião ou
segmentação política, se mostra aberto para os convidados também
participarem através de discussões ou até mesmo levando suas poesias.
O atual bairro
de Sussuarana se situa em um local onde existia um remanescente de Mata Atlântica, era uma fazenda abandonada, chamada Jardim Guiomar na qual, em 1982, surgiu uma invasão e acredita-se
que a onça-parda ou Suçuarana já habitava ali e batizaram o lugar em homenagem a essa espécie. (Substituindo a cedilha pelo dígrafo)
Ironicamente o crescimento desordenado da cidade fez
com que o felino entrasse em extinção e infelizmente apenas o encontramos em cativeiro, o bairro da Sussuarana é um lugar populoso, aglomerado e dividido por ruas, vielas, becos, porém possui um grande ponto comercial com supermercados, farmácias, lojas diversas, etc. Atualmente boa parte do bairro é composta por loteamentos e já possuem conjuntos habitacionais, como: Castro Alves e Primavera, se destaca por ser bairro ainda bastante concentrado e pela conexão com o CAB, já citado numa postagem anterior.
Um local bonito e arborizado, lembro que eu patinava e pedalava ali, dava até pra ir andando à escola na época do colegial, contemplando a bela paisagem...
O Centro Administrativo da Bahia, mais conhecido pelo acrônimo CAB, foi implantado no primeiro governo de Antônio Carlos Magalhães, em 1972, muitos dos edifícios, como os da secretarias, o Centro de Exposições do CAB (1974) e a Igreja do CAB (1975) foram projetadas pelo arquiteto João Filgueiras Lima. O traçado viário é de autoria de Lúcio Costa.
A cerca de 15 km do centro da cidade, ora é considerado componente do bairro da Sussuarana, ora é considerado um bairro de fato, a região é cercada de vestígios de Mata Atlântica, às margens da Avenida Paralela.
E em 9 de agosto de 2009, foi realizada a primeira prova da história da Stock Car em um circuito de rua e no Nordeste: o GP Bahia, nas ruas do CAB, em 2010, o circuito passou a se chamar "Circuito Ayrton Senna", em homenagem ao brasileiro tricampeão da Fórmula Junto com o novo nome, foi inaugurada um monumento a Ayrton Senna, de autoria do artista baiano Bel Borba.